Translate

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Porque é que as crianças não aprendem?

Adorei este artigo e fiz questão de o publicar.
 


"A maior parte das dificuldades surgem por desmotivação, não por incapacidades neurológicas: a conclusão é de Nelson Lima, neuro-psicólogo e director do Instituto de Inteligência, que há anos vem organizando estudos, orientando professores, apoiando as crianças e chamando a atenção para a ineficácia do actual sistema de ensino.
'As crianças sentem-se perdidas e não percebem para que serve a escola. Tal como os incêndios e os desastres de automóvel, acho que também na escola estamos em estado de calamidade nacional.'
Foi o Instituto da Inteligência que lançou o alerta: um em cada três alunos portugueses tem dificuldades de aprendizagem, número escandaloso para qualquer país e que, ainda por cima, tem tendência a aumentar.
'Há uma quase obsessão em querer ensinar muita coisa às crianças em pouquíssimo tempo', nota Nelson Lima. 'O que a escola devia fazer nos primeiros anos era dar noções gerais do que é a vida. Mas um aluno de 12 anos tem 15 disciplinas! Como é que pode aprender alguma coisa?' Quinze disciplinas que depois se reflec-tem na forma desmesurada como aconte-cem os trabalhos de casa. Estranhamente (ou talvez não.), e segundo um estudo europeu, somos um dos países com piores resultados escolares e o país europeu que mais tempo dedica aos trabalhos de casa.
O neuropsicólogo conta o caso de uma criança de 11 anos que lhe chegou com uma estranha missão: 'Passou o dia aflitíssima porque tinha de fazer um trabalho sobre a Bósnia-Herzegovina. E sobre o Alentejo é capaz de não saber nada. Entretanto, o irmão estudava exaustivamente a Albânia. Isto tudo, feito desta forma, é um disparate pegado!' Tudo somado, contribui para o stresse diário de muitas famílias.
Pais com tempo e cultura suficientes ou dinheiro para pagar a explicadores são capazes de dar uma ajuda. Mas muita gente se sente aflita. 'Os miúdos vêem-se a braços com imensa informação que se refugia em palavrões. 'Um buraco negro é conhecido como um sorvedouro cósmico', para miúdos de 11 anos, acha normal?', questiona Nelson Lima. 'O importante era dar-lhes algumas noções básicas, mas bem dadas. Actualmente, com tanta matéria que lhes impingem, qual é o resultado? É que não fica lá nada! Eles não sabem nada do mundo! E esta é a geração que há-de chegar um dia ao poder!'
É URGENTE A EDUCAÇÃO EMOCIONAL

A obsessão de querer ensinar tudo em pouco tempo faz com que estejamos a cultivar a ignorância, por recusa inconsciente em aprender. 'A ansiedade e o stresse estão a aumentar de forma assustadora nas crianças. E muitos pais, embora se queixem destas anomalias, são os primeiros a defender o modelo de escola actual, porque é a escola que eles próprios tiveram', revela Nelson Lima.
Resolver as coisas passaria por reduzir a carga programática. 'Aligeirar as coisas não seria retirar qualidade, seria dar às crianças mais tempo para falarem sobre o mundo delas e acrescentar coisas que faltam: ensiná-las a pensar e a estudar. Tornar as crianças seres pensadores.' Isto evitaria percursos de aprendizagem trágicos e completamente destruidores de vidas, evitaria, por exemplo, que tanta gente chegasse à universidade com a impressão de que escolheu o curso errado. 'A educação emocional deveria ser uma disciplina mais importante que a Moral. As crianças conhecem-se muito pouco a elas próprias. Elas nunca sabem dizer quem são, não conhecem as suas próprias virtudes e qualidades. E isto é perigosíssimo.'
Nelson Lima propõe mudanças que podem ser feitas pelos próprios pais, pois mudar o sistema de ensino é mais complicado: 'Podemos ajudar as crianças a organizarem-se de modo a que não fiquem muitas horas a estudar. Vinte minutos com um intervalo de dez minutos, depois mais vinte minutos.'
E, principalmente, fazer tudo para que pelo menos o fim-de-semana fique livre de trabalhos. 'Fujam dos shoppings, vão apanhar ar livre, vão passear a parques, jardins, montanhas, vão para onde quiserem mas que seja ao ar livre e onde possam correr. O importante é quebrar a rotina para diminuir os níveis de stresse que estão a aumentar cada vez mais nas crianças. É a única forma de os defender. O resto teria de levar uma volta inteira, por forma a implantar medidas inteligentes não tão ambiciosas sob o ponto de vista académico. Isto já não vai com uma reforma, mas com uma revolução!'"


Catarina Fonseca/ACTIVA
16 Abril 2012

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A chupeta nasce com o bebé?



A sucção é um reflexo do bebé desde o útero materno e pode ser observado através de ecografias, que mostram alguns bebés chuchando o dedinho. Esse reflexo é vital para o crescimento e desenvolvimento psíquico do bebé.

A criança, especialmente em seu primeiro ano de vida, tem uma necessidade fisiológica de sucção. Além da amamentação, que garante a sua sobrevivência, a sucção também promove a liberação de endorfina, que produz um efeito de modulação da dor, do humor e da ansiedade, provocando uma sensação de prazer e bem-estar ao bebé.

A amamentação é suficiente para satisfazer o desejo básico de sucção do bebé, desde que ele mame exclusivamente na mama da mãe o ofereça sempre que o bebé quiser. É importante enfatizar que a sucção do bebé ao mamar o leite materno é completamente diferente do puxar de um biberon ou chupeta. Mamar na mama é muito importante para o desenvolvimento da mandíbula e demais ossos da face, dos músculos da mastigação, da oclusão dentária e da respiração de forma adequada.

O uso da chupeta vem sendo passado de geração a geração, constituindo-se num frequente hábito cultural e, pelo seu preço reduzido, é bastante acessível a toda população.



Como surgiram as chupetas?


A chupeta surgiu da vontade de dar aos bebés alguma coisa que eles pudessem chuchar com segurança - evoluiu a partir de mordedores que se usavam quando os dentes estavam a nascer e de chocalhos com pontas arredondadas. Hoje o padrão é elas terem um bico de silicone ou de látex, e uma parte de plástico ou de silicone que fica do lado exterior da boca, além de uma espécie de alça. As chupetas de látex são mais macias e flexíveis que as de silicone, mas não têm a mesma durabilidade. Chupetas modernas são seguras - são fáceis de esterilizar e a parte externa é projetada para que o bebé não engula o bico nem se engasgue.

Há chupetas ortodônticas, projetadas com um formato especial para não prejudicar a formação dos dentes (leia sobre as desvantagens do uso de chupetas abaixo para saber mais sobre a influência da chupeta na dentição).



Vantagens do uso da chupeta

  • Trata-se de um calmante imediato do choro
  • Alguns estudos evidenciaram possível efeito protetor contra morte súbita, desde que seja introduzida após a terceira semana de vida ou com a amamentação já estabelecida e utilizada apenas durante o sono (recomendação oficial da Academia Americana de Pediatria - AAP).


Reduz o risco de morte súbita?



Alguns dados sugerem que o uso da chupeta possa ter uma ação protetora contra a síndrome da morte súbita do lactente, um fenómeno muito raro que leva os bebés à morte durante o sono, sem explicação médica.
 
Um estudo publicado no British Medical Journal analisou o uso de chupetas por vítimas da síndrome e concluiu que a presença da chupeta estava associada a um risco menor, especialmente quando havia outros fatores de risco, como dormir de bruços, dormir com muita roupa de cama ou dormir na mesma cama com uma mãe que seja fumadora (mesmo que não fume no quarto). De acordo com o estudo, chuchar o dedo também teve influência positiva. Os autores ressaltaram, porém, que os dados ainda são preliminares e precisam de confirmação. Para eles, há duas explicações possíveis para o efeito protetor. Uma é que a parte externa da chupeta ajude a manter o nariz e a boca do bebé longe das cobertas, e outra é que o ato de chuchar, melhore o controle das vias aéreas superiores. Outros especialistas acreditam que bebés que usam chupeta têm mais a atenção dos pais durante a noite, porque eles vão colocando a chupeta na boca da criança, e que essa atenção é que tenha prevenido a síndrome.


Mas esses dados não são suficientes para justificar o uso da chupeta. 


Desvantagens do uso da chupeta 

  • Deformação dentária - o uso prolongado de chupeta e o costume de chuchar no dedo podem causar problemas no desenvolvimento dos dentes, principalmente se a criança ainda tiver o hábito quando os dentes definitivos já estiverem a nascer. Esses problemas costumam exigir o uso de aparelhos dentários. 
  • Prejuízo à amamentação - existem dados comprovados que mostram que mulheres que dão chupetas aos bebés têm maior probabilidade de desmamar os filhos mais cedo, do que mulheres que não dão a chupeta. 
  • Otites - existe uma relação comprovada entre o uso prolongado de chupeta e otites médias, ou seja, infeções de ouvido. Não se sabe exatamente se a relação é de causa direta - pode ser que esteja relacionada a outros fatores, mas é preciso levar a relação estatística em conta. Acredita-se que o uso da chupeta aumente a propensão da migração de infeções para a trompa de Eustáquio (a passagem oca que liga o ouvido médio e a garganta). Para evitar esse tipo de problema, limite o uso da chupeta à hora de dormir. 
  • Infeções em geral - o uso da chupeta já foi estatisticamente associado a um risco maior da presença de sintomas como vómitos, febre, diarreia e cólica. A explicação não é clara, mas, para garantir, esterilize-a com frequência e ande com uma limpa de reserva para o caso de, a que a criança estiver usar, cair no chão. 
  • Problemas da fala - o uso da chupeta impede os bebés de emitir sons do tipo "gugu-dadá", "agu", que são uma etapa importante do processo de aprender a falar. Em crianças maiores, reprime a fala, inibindo o desenvolvimento da linguagem, mantém a boca da criança numa posição pouco natural, dificultando o desenvolvimento dos músculos, da língua e dos lábios, explica a especialista norte-americana Patricia Hamaguchi, autora de um livro sobre a fala ("Childhood, speech, language, and listening problems: What every parent should know"). Esse tipo de problema é amenizado se o uso da chupeta ficar limitado à hora do sono.



Há muita controvérsia em torno da relação causal entre a chupeta e o fim da amamentação. Um dos argumentos é que talvez as mães recorram à chupeta justamente porque estejam com problemas no aleitamento materno ou porque não queiram amamentar. Segundo outra linha de raciocínio, o uso de bicos diferentes (mama e chupeta ou biberão) pode causar confusão no bebé, dificultando a amamentação. Há também quem argumente, com estudos comprovados, que, como o bebé chucha a chupeta e não a mama, esta é menos estimulada causando a redução na produção de leite.



Seja qual for o motivo, o uso diário da chupeta está ligado à interrupção da amamentação antes dos 3 meses de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam que as mulheres dêem apenas a mama aos filhos durante os primeiros seis meses, a chamada amamentação exclusiva, para que eles recebam os enormes benefícios do leite materno.


Outro dado interessante é que muitas vezes bebés amamentados se recusam a pegar a chupeta ou qualquer outro tipo de bico. Se isso acontecer com seu o filho, não é necessário forçar. O biberão pode ser substituído por copo, colher ou seringa.



Se optar por oferecer a chupeta...



  • Use chupetas adequadas para a idade do bebé (procure informações na embalagem).
  • Mantenha as chupetas sempre limpas - esterilize-as com frequência, pelo menos nos primeiros três meses do bebé.
  • Troque a chupeta se notar que ela está desgastada, furada ou pegajosa.
  • Nunca mergulhe a chupeta em alimentos doces, para fazer o bebé parar de chorar. Esse costume pode provocar cáries. O Aero Om, líquido rosa muito usado para acalmar os bebés, também é doce. Converse sempre com o pediatra antes de usá-lo.
  • Limite o uso da chupeta ao estritamente necessário, como a hora de dormir. O uso prolongado de chupetas está relacionado à ocorrência de otites médias e outros problemas (consulte o item Desvantagens acima).
  • Espere que o bebé “peça” a chupeta, em vez de colocá-la na boca dele automaticamente.
  • Tente tirar o hábito de chuchar chupeta o quanto antes, e esforce-se ao máximo para que o costume já tenha sido abandonado de vez quando os dentes definitivos estiverem para nascer (por volta dos 6 anos). O mais comum é os pais começarem a pensar em tirar a chupeta por volta dos 2 anos, mas você pode fazer isso mais cedo, até antes de 1 ano. A necessidade de sucção é muito maior nos primeiros meses, depois os interesses do bebé voltam-se para outros sentidos e vale a pena aproveitar a deixa para acabar com o hábito.
  • Não deixe que o uso da chupeta se torne um vício para o bebé, especialmente durante o dia. Você controla a chupeta, não ele. Não a deixe à disposição e evite usar cordinhas para prender a chupeta à roupa. Não é demais repetir: limite o uso para quando ele for absolutamente necessário.
 
Dicas para deixar a chupeta



O seu filho está sempre ou quase sempre de chupeta na boca? Você acha que ele já está grandinho para a chupeta? Experimente essas ideias para acabar com o hábito:

  • Vá diminuindo aos poucos os períodos em que permite o uso da chupeta.
  • Restrinja a chupeta a momentos críticos do dia, como a hora de dormir ou quando seu filho está doente. Seja firme.
  • Reforce a ideia de que crianças mais velhas não usam chupeta - elas adoram se sentir mais crescidas.
  • Incentive a criança a dar  todas as chupetas a alguém, como o Pai Natal, e menino Jesus ou o coelhinho da Páscoa, e depois de dar, não volte atrás. Se não houver nenhuma data apropriada próxima, pode inventar a "fada da chupeta", que deixa um presentinho em troca.
  • Converse com outros pais para saber que estratégias eles usaram. Há quem faça, por exemplo, um furinho na chupeta, prejudicando a sucção, e diga ao filho que a chupeta se estragou.
  • Identifique os sinais de que seu filho está pronto para largar a chupeta e aproveite o momento. Durante uma constipação, é comum que a criança rejeite a chupeta, pois precisa respirar pela boca por causa do nariz entupido. Se isso acontecer, tire as chupetas de vista e espere. Quando seu filho pedir a chupeta, não dê imediatamente. Pode ser que ele largue o hábito naturalmente.
  • Invista na rotina da hora de dormir: anuncie uma mudança (um bichinho novo, a mudança do berço para a cama, um novo hábito, de ouvir música ou contar histórias de um livro, por exemplo), e explique que na nova rotina - de criança grande - não há espaço para a chupeta. O entusiasmo com a novidade pode ajudar.
  • Para ajudá-lo, fique de olho e, quando ele quiser a chupeta, providencie algo para substituí-la. Se ele usa a chupeta quando está aborrecido, ofereça alguma atividade mais interessante, como um livro para folhear, ou faça caretas engraçadas para distraí-lo.
  • Se tende a colocar a chupeta na boca quando está preocupado ou a sentir-se inseguro, ajude-o a explicar o que está a sentir. Faça perguntas para descobrir o que está a acontecer e conforte-a de outra forma - com beijos e abraços, por exemplo.
  • Para encorajar o seu filho, elogie quando ele conseguir ficar sem a chupeta. Você também pode controlar o uso, e deixar que ele a use só à noite ou na hora de dormir. Esforce-se para não oferecer a chupeta, se ele não pedir, não dê, mesmo que ele esteja acostumado a dormir com ela.
  • Experimente usar um calendário para anotar os dias em que o seu filho não usou a chupeta. Cada um destes dias, marque com um adesivo colorido ou como uma estrelinha dourada. Quando ele completar uma semana sem chupeta, dê-lhe um prémio, como um passeio, uma brincadeira a dois ou presentinhos simples, não dê doces, bebidas ou comidas pouco saudáveis.


Mas até o seu filho 
deixar definitivamente a chupeta, 
seja paciente.