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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Conheça os perigos do açúcar



Robert Lustig é um médico americano da Universidade da Califórnia (San Francisco, EUA), especialista em obesidade.

Recentemente, ele tem promovido uma campanha para que haja leis restritivas de consumo de açúcar semelhantes às existentes para o álcool e tabaco, o que limitaria especialmente o acesso das crianças a produtos açucarados e para isso considerou várias estratégias. Por exemplo, duplicar o preço dos refrigerantes, para que as crianças não os pudessem pagar. Ter lojas de doces a fechar à tarde, quando as crianças estão a sair da escola. Restringir a publicidade de alimentos com açúcar adicionado. Definir um limite de idade para refrigerantes, possivelmente 17, para que as crianças mais jovens não podessem comprar latas de Coca-Cola.
 

Será que existe motivo para tanta preocupação?

O endocrinologista, que lançou um vídeo no Youtube no qual fala sobre o assunto, cita como exemplo uma série de doenças. Ele defende que o número de problemas de saúde como tensão alta, doenças do coração e vícios alimentares eram muito menores há 30 anos, e o responsável pelo salto nos índices foi o açúcar. Como exemplo, o médico cita a diabetes. Em 2011, havia 366 milhões de diabéticos no mundo (o equivalente a 5% da população), mais do que o dobro em 1980.

Sabemos disso porque, nos anos setenta, o mundo ocidental tinha um baixo teor de gordura. Investigações médicas dizem ter descoberto uma ligação entre a gordura na dieta e ataques cardíacos.
Como sabemos agora, a situação é bastante complicada - algumas gorduras, nomeadamente óleos ômega-3, são realmente bons para o coração. Ainda assim, nos anos setenta, a indústria de alimentos cortavam na gordura. Tivemos iogurte desnatado, baixo teor de gordura em refeições prontas, baixo teor de gordura em molhos, baixo teor de gordura em tudo. O problema, segundo Lustig, "é que, se se tirar a gordura, tudo isto fica com gosto de papelão. Tinha que se fazer alguma coisa." E o que é que eles fizeram? "Eles acrescentaram carboidratos. E isso o que é? Xarope de milho com percentagens altas de frutose e sacarose." 
Assim, à cerca de 35 anos atrás, o mundo desenvolvido fez uma mudança radical na sua dieta.De lá para cá, fomos substituindo a gordura por açúcar. No Reino Unido, por exemplo, os índices são alarmantes: desde 1990, o consumo de açúcar cresceu 35%. Entre as crianças, a ingestão de glicose representa 17% do total de calorias diárias. Um facto interessante é que ano, após ano, nós estamos a comprar menos sacos reais de açúcar - "açúcar visível". Os grandes aumentos estão no "açúcar invisível".


Vejamos algo mais concreto...
Por exemplo, existem sete colheres de açúcar numa lata de coca-cola. Muita gente sabe disso. Mas você sabe que mais de 60% de uma bebida Slimfast é feita de açúcar? Há xarope de glucose-frutose em iogurtes biológicos, há frutose em barritas light, há açúcar em pão normal, dextrose no pão integral, há açúcar no salmão defumado, há açúcar nas delicias do mar (marisco), existe um queijo que é delicioso - graças à frutose que se acrescentou, existem salsichas com açúcar... E daí por diante...


Como é que chegamos a esse ponto? A resposta do médico americano está nos produtos industrializados. 

Nos últimos anos, conforme ele explica, todos já sabem que açúcar em excesso pode fazer mal. Por isso, substituímos o açucar pelo adoçante, por exemplo, e tentamos cortar o açúcar dos alimentos que nós mesmos preparamos.
O problema é que o “açúcar invisível”, já embutido no alimento que vem da fábrica, atinge uma quantidade cada vez maior de produtos. Se você vir o rótulo dos produtos que pôs no carrinho do seu supermercado, vai descobrir que existe açúcar em coisas que você nem imaginava.
 Muitas pessoas engordam, por exemplo, porque o açúcar é um inibidor natural da leptina, o hormônio através do qual o estômago diz ao corpo que “já está bom, podes parar de comer”. Algo como um travão natural. Este e outros efeitos nocivos indiretos à saúde por parte do açúcar também são objeto de estudo do endocrinologista americano.
O caminho para a restrição de tais produtos, conforme o próprio Robert Lustig afirma, é complicado. A indústria alimentícia resiste às tentativas de baixar os índices de açúcar nos produtos por que acreditam – provavelmente com razão – que o consumo vai cair significativamente se os alimentos nas formas em que as pessoas estão acostumadas mudarem. A vontade de mudar, dessa forma, deve partir em primeiro do consumidor. 


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