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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Bater para educar? - pesquisas e números


Os castigos corporais a crianças, mesmo os praticados no seio da família, são proibidos e punidos em Portugal desde à 5 anos, segundo o relatório anual da "Global Initiative To End All Corporal Punishment of Children".

Desde 2007 que dar um estalo ao seu filho passou a ser punido por lei. No relatório da "Global Initiative To End All Corporal Punishment of Children", movimento que defende o fim de todos os castigos corporais infantis, Portugal aparece como um dos 25* países que já têm já legislação que proíbe e pune totalmente os castigos corporais a crianças, incluindo os praticados no seio da família e 108 proíbem ainda estes actos nas escolas*, o que representa 41,2 % da população infantil*.
Portugal foi um dos últimos países a ter alterado a legislação. O artigo 152 do código penal português foi revisto em 2007 e estabelece que os castigos corporais, a privação da liberdade das crianças e as ofensas sexuais são punidos com penas de um a cinco anos de prisão, podendo as penas aumentar consoante a gravidade da ofensa.

O relatório  surge na sequência do estudo das Nações Unidas sobre Violência contra as Crianças, apresentado em 2006, que estabelecia como meta a proibição universal desta prática até 2009.

O número de países a aderir a estas novas regras, adianta o documento, está a crescer, e a nível europeu há mesmo uma intenção do Conselho da Europa de acabar com os castigos corporais nos 47 países membros, tendo aquele organismo lançado uma campanha em 2007 com esse objectivo.

A Suécia foi o primeiro país a adotar, em 1979, uma lei contra o uso de castigos corporais em crianças e adolescentes, seguido pela Áustria, a Dinamarca, a Noruega e a Alemanha.
Atualmente 25* países já têm legislação adequada. Na América do Sul, apenas o Uruguai e a Venezuela adotaram lei semelhante.




Números e leis à parte...

Atire a primeira pedra o pai ou a mãe que nunca pensou em dar uma palmada no seu filhote. É melhor não. Vinte anos de pesquisas mostram: castigo físico não dá bons resultados.
Estudos em várias partes do planeta demonstram uma associação clara entre essa forma de punição e problemas como depressão, ansiedade e vícios, que podem começar na infância e estender-se para a vida adulta.
 
Pesquisar o castigo corporal é um desafio. Em ciência, a metodologia mais usada é o estudo controlado aleatório: dois grupos recebem um ou outro remédio, por exemplo. Mas como fazer isso com palmadas? Um grupo de crianças apanha e outro não?
Por isso, são mais comuns os estudos “prospectivos”: são estudadas crianças com níveis de agressão ou comportamento antissocial equivalentes no começo e analisada a progressão do comportamento. Ou “retrospectivos”, baseados na memória.

Dois pesquisadores no Canadá – a psicóloga Joan Durrant, da Universidade de Manitoba, e o assistente social Ron Ensom, do Hospital Infantil de Eastern Ontario- analisaram 20 anos dessas pesquisas, incluindo uma metanálise com mais de 36 mil participantes. A conclusão de Durrant e Enson: “Nenhum estudo mostrou que a punição física tem efeito positivo, e a maior parte dos estudos encontrou efeitos negativos”.


 * Dados obtidos de relatórios de 2010


"Não deverão gerar filhos quem não quer dar-se ao trabalho de criá-los e educá-los."



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